THROWBACK: #2
Francisco Espregueira
O segundo número da edição Throwback do Sótão é sobre um pequeníssimo pormenor de cinco segundos.
"It's nineteen ninety five!" Estas cenas já andam para lá do longíquo quando se tem 23 anos.
"Runnin'" é daquelas incontornáveis clássicas do hip hop, mas isto aqui não é muito o lugar das reputadas... O Sótão é dos pequeninos e dos desconhecidos. Neste caso de um pequenino pormenor. A guitarra... Esta guitarra que introduz gentilemente a música e que toca sem fim à vista. Sem saber de onde ela vinha, sabia que era esse o sítio onde queria estar. Que genial. Que visionário era J Dilla, produtor desta obra de arte, em ter sentido a vibração daquele som. A guitarra.
No medley dos Jazz Liberatorz é o final emocionante da viagem por algumas das mais marcantes batidas do hip hop. Lá no finalzinho. No minuto 3:25. Aparece e sinto-me a mergulhar no mar...
Na "Runnin" dos The Pharcyde é a faixa toda. "One, one, one, one two, one two... check the sound" e mergulho...
No entanto, passei alguns anos a perguntar-me: de onde vem isto? Isto que é capaz de me fazer sentir dentro de mar? "Saudade Vem Correndo", Stan Getz & Luiz Bonfá. 1963. A música tem três minutos e quarenta segundos... mas aqueles cinco... Dos 2:04 aos 2:09. Aqueles cinco segundos. O pormenor dourado daquela guitarra. Que genial. Que visionário era J Dilla.