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Francisco Espregueira
Quando era mais novo pensava que sótão era uma junção das palavras sozinho e tanto, mas, apesar de nunca me ter dado ao trabalho de estudar a merda da etimologia da palavra, continuo a achar que faz algum sentido.
Uma noite em que eu estava a desenvolver esse magnânimo esforço que é estudar, pus me a vasculhar o armário do sótão à procura de alguma coisa de interessante que me roubasse a atenção que certas cadeiras de Direito talvez merecessem.
Acabo por encontrar o leitor de vinis do meus avós, e escondido atrás dele duas montanhas completamente desordenadas de LP's e Singles. Lá o leitor de vinis não tinha ar de que se iria ligar sequer, e as colunas, encaixilhadas em madeira, não tinham ar de recicláveis. Mas entre estudar e tentar pôr aquilo a funcionar tomei, em consciência, a opção óbvia. A primeira música que meti, escolhi-a por causa da capa. Era um best of da Gladys Knight & the Pips com uma daquelas capas muito à anos 70... puxou-me a curiosidade e à sorte lá, com cuidado, coloquei o lado B do vinil. Depressa acendi alguns cigarros enquanto abanava a cabeça ritmadamente ao som daquelas velhadas que fazem muito o meu estilo e fui curtindo, ali... sozinho madrugada fora. Percebi que era aquilo que queria fazer todas as noites antes de me ir deitar. Ponho o volume baixinho e fumo um cigarro.
Hoje crio este blog, com o objectivo de mostrar a quem passar por aqui a música que ecoa desse sótão, a música que me faz mover. Não quero meter aqui grandes análises, e retrospectivas, e historinhas sobre esses artistas. Quero apresentá-los e convidar-vos a carregar play (é só clicar na imagem). Se gostarem passem aí outra vez, espero ter sempre novas coisas para vos mostrar.
Francisco Espregueira